domingo, 8 de setembro de 2013

6 cervejas X essa coisa prata no céu

   
      Era domingo, início de tarde, era hoje. Tirei o pijama, ajeitei os cabelos e troquei alguns passos até o mercado. Voltei com meia dúzia de garrafas de cerveja e me embriaguei de você. Ao som do rock do Erasmo, cada gole me dava a liberdade condicional, mas você é minha santa dose, carcereiro, meu crime passional. Que caso, que caos! Enquanto te procuro, sigo em reclusão juntando tudo que está embaralhadamente solto na minha cabeça. 70% você, 30% você comigo. Aliás, pelo menos isso temos em comum, nós dois só pensamos em você.
      "Você é o meu enredo, vem pra cá..." Essa é a parte que eu já estou na quarta cerveja, solo fértil pra chorar. Não chorei, achei desaforo. Resolvi calar. É, quando o nó for na garganta, cala que desce aos dedos. É melhor sujar a alma com tinta de caneta do que lavar com essa coisa salgada que cai dos olhos.
      A tarde acaba, a cerveja também e cá estamos, eu aí, você aqui, sob a mesma lua que hoje violentamente nos rouba de nós. Fora da lei, desconcerta a poesia desse amor atroz. Eu queria escrever alguma coisa que me lembrasse de te esquecer, mas com esse céu fica difícil falar sobre a sobra de espaço nos abraços, a falta de tempo nos mesmos. Sobre a saudade que tenho do peso dos teus olhos em mim ou sobre qualquer coisa que não seja essa coisa prata arrebatadora nesse vasto azul marinho.

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