quinta-feira, 12 de setembro de 2013

fulanos, ciclanos e beltranos

   
      Outro dia um amigo passou a mão em um dos meus cadernos para ler e disparou: Por que nenhum dos poemas tem título? Na hora eu desconversei e dei a desculpa que qualquer escritor contemporâneo daria: Dar nome empobrece! Pensando sobre, lembrei que sempre perdi pontos em redação na época da escola por causa disso, nunca dava títulos aos textos.
      É no mínimo estranho você não saber nomear uma coisa que saiu de você, fico pensando no dia em que eu tiver um filho, ele provavelmente terá um nome dado pelo pai ou ficará sem até poder escolher como quer se chamar. Exageros à parte, é assim que me sinto quando sou quase obrigada a intitular qualquer coisa.
       Dar nome à poesia é tratá-la como mercadoria, digamos que "é assim que se vende o peixe" e definitivamente o meu alívio não cabe na embalagem de um sabão em pó. Um poema é sempre alguém, e quando não tem título é todo mundo. Ou ninguém. Talvez seja esse o meu problema, o limite. Ser fulana de tal no cartório me arranca a possibilidade de ser ciclana e beltrana. Eu só significo aquilo? Os versos que rasguei só significam você?
   

3 comentários:

  1. ameeei!! acredito que dando um titulo ao texto o autor induz o caminho a ser lido, impossibilitando outras infinidades de interpretaçoes! Parabéns, Amanda

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